segunda-feira, 15 de junho de 2009

Erotismo como Lazer

Faz algum tempo que venho pesquisando e refletindo sobre as manifestações eróticas como práticas de lazer no tempo livre das pessoas. Comecei a pensar nisto quando ha alguns anos atrás fui surpreendido por uma namorada que no momento do "lazer erótico", tira da bolsa uma caixinha com cartas chamado Jogo do Toque. Naquela época e em plena adolescência comecei a refeltir sobre as possibilidades de lazer que isto representa no cotidiano das pessoas, visto a grande liberdade que o erotismo tem tido em nosso cotidiano.
Como naquele momento acreditava que falar de erotismo como lazer poderia ser criticado quanto aos tipos de lazer, decidir não exteriorizar minhas idéias, mas sempre estive monitorando a evolução do mercado e principalmente dos discursos nas rodas de amigos, as imagens apresentadas pelos programas de televisão, a explosão da internet e principalmente a tentativa desenfreada de controle de pais e autoridades quanto a exploração inadequada destas possibilidades de lazer.
O que me fez escrever um trabalho a dois anos no Encontro Catarinense de Lazer, apresentando o erotismo como conteúdo do lazer, foi que ao comprar uma caneta em uma papelaria de um shopping center, no balcão do caixa junto a uma série de "badulaques" tinha um conjuntinho de dados (de jogar mesmo) com posições sexuais e tipos de "carinhos", que jogando os dois simultaneamente indicava a ação dos parceiros. Por curiosidade perguntei a caixa: Quem é que compra isto ai? É mais adolescente? Sem constrangimento ela responde. Todo mundo. Adolescente, adulto, casado, solteiro. Estamos vendendo muito.
Casualmente hoje estava em uma rua da cidade, às 10 horas da manhã quando recebi de um panfleteiro um bilhetinho. O engraçado que ele deu a mim e não as duas moças que trabalham comigo e que naquele momento estavam caminhando ao meu lado. No bilhetinho dizia: “J........ (um nome), cabelos pretos (19 anos, saradinha) 24hs. Peitos bem grandes, sem barriga, bunda empinada, rosto de menininha, c/ local e um telefone”. Quando li mostrei as meninas que estavam comigo, ficaram chocadas. Disse a elas: “Meninas, é o mercado. Um dos mais antigos do mundo”. O problema é que se a minha mãe lesse este texto do blog ficaria horrorizada, acharia que eu sou o maior pervertido do mundo, ou mesmo, quem é este tarado que esta escrevendo isto em um espaço de comunicação.
Responderia-lhe: Professor e pesquisador de Lazer e Recreação antenado no mundo, sem preconceitos ou tabus, mas principalmente preocupado com a formação global dos alunos quanto ao lazer e as formas de entretenimento contemporâneo.
Lembro que este tipo de lazer é muito antigo. Os homens em todas as épocas da civilização já buscavam os espaços da “casa da luz vermelha”, as boates e outros lugares. A alguns anos atrás foi a febre dos clubes de mulheres, na qual muitas iam apenas para dar umas boas risadas e liberar o estresse. Todas que foram, voltam pelos momentos de divertimento sem sexo.
As vídeos locadoras que tinham as suas salas escuras no cantinho da loja com cortinas pretas e que todo mundo ficava se cuidando para entrar e sair, hoje tem uma nova roupagem e é vista de outra forma pelos seus freqüentadores.
Quando a uns 8 anos o Jó Soares entrevistava em plena Rede Globo o ex-padre proprietário de uma casa chamada Sofazão em Porto Alegre (RS). Naquele momento todo mundo ficou chocado até o apresentador. Hoje a palavra swing é sinônimo de lazer erótico.
Quantas brigas foram travadas por casais quando um deles descobre as aventuras “internalticas” do outro em sites eróticos? Já contaste quantas sexshops tem no seu bairro? Antes era uma porta no cantinho e sem vitrine, hoje as vitrines e os anúncios são elaborados e chamam a atenção do público, com serviços de tele-entrega, correios e malotes especiais para aqueles que ainda temem de entrar nas lojas.
Novas formas de lazer, que são muito velhas, mas que ninguém quer escrever, comentar ou mesmo dizer que faz. Tabus sociais.
E ai tem algumas coisas interessantes quanto ao erotismo como lazer. Não se relaciona especificamente ao sexo, mas também, a situações que geram sensações de desejo, fetiche, paixão, etc. Isto pode estar em um filme, uma peça de teatro, uma obra de arte, uma propaganda e tantas outras manifestações de nosso cotidiano que estão para todos.
O que pode saltar aos olhos quando se fala deste tema é a possibilidade de liberalismo e do descontrole disto, que no ponto de vista do lazer se torna um anti-lazer, algo que foge aos padrões de normalidade mesmo no tempo livre.
Penso que campanhas de educação para o lazer erótico possam vir a ser uma excelente alternativa para o desenvolvimento de um lazer saudável, já que, este texto não prego a promiscuidade e nem mesmo o fazer-por-fazer. Os maridos e mulheres casados podem fazer lazer erótico após 40 anos de casados, se divertir e sentir prazer. Como diz um slogan de um motel de nossa região “troque de ambiente, não de companhia”.
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