quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

2010. Visões e previsões: bola de cristal em low battery

Geralmente entre o final de um ano e o inicio do próximo muitos artigos trazem em seus conteúdos, principalmente no âmbito da gestão empresarial, as tendências para o ano que se inicia. Quando vejo estes artigos logo inicio a leitura para saber o que teremos; ou, na verdade o que nos espera para o ano que se inicia.
Simona Testana, socióloga e pesquisadora do Istituto per la Formazione e l’Orientamento dei Lavoratori de Roma, traz um artigo na Revista Next – Instrumentos para Inovação, número sete, sob o título “Longevidade, inovação tecnológica e mudança social”, que neste aponta alguns indicadores que poderemos usar para 2010, que listo abaixo:
. Alteração do catálogo familiar – diminuição das composições familiares tradicionais; aumento das famílias ou uniões sem filhos; aumento dos idosos sozinhos. Penso que neste tópico poderíamos acrescentar o crescente aumento da uniões homoafetivas; das relações pop up, o que comumente é chamado pelos mais jovens de “ficar”; as famílias com filhos que possuem 2 pais ou mães, vários avós, “irmãos de coração” e outras definições para as famílias que são compostas por segundos ou terceiros casamentos e outras formas de composições corporais.
. Capacidade de envelhecer – a cada dia a longevidade esta mais presente em nossa sociedade. Isto resulta em alguns aspectos levantados pela autora como: o aumento da idade de se aposentar; aumento maior do tempo do repasse de heranças; crescimento de mobilidade virtual, visto a grande quantidade de inovações e formas de redes sociais; hiperatividade dos septuagenários – um exemplo disto é meu sogro que após se aposentar e perto dos 60 anos virou triatleta e no em 2009 completou o Iron Man Brasil já pensa em ir participar da prova no Havai. Aumento significativo de jovens idosos com competências extraordinárias, pois se aposentaram cedo; procura exacerbada por atividades de lazer, bem-estar e turismo. A capacidade de se tornar avó é que estarão sob a mira constante dos netos e suas regras politicamente corretas; marcas da geração 2000.
. Serviços e Produtos – o conceito faça você mesmo, ganha um acréscimo de faça você mesmo e da sua casa. Zoologicamente somos animais que buscam suas tocas, ou seja, nossas casas. Desta forma, muitos serviços facilitarão ainda mais as ações dentro da casa, como: tecnologia doméstica; serviços em domicílio; computadores com teclas maiores para melhor vizualização; porções de comidas individualizadas; profissionais particulares, como: arrumadeira de armários; cabelereiro, personal trainer, aluga-se um marido, etc.
Também neste mesmo foco de traçar tendências para 2010, na minha relação de RSS, possuo HSM Brasil – Marketing e logo de cara um artigo de dezembro que tem como título “Os 20 mais de 2010”. Traz o resultado de uma pesquisa sobre as maiores tendências em consumo para o próximo ano, postada pelo site Trendhunter Magazine, que traz:
. A próxima melhor alternativa: procura por produtos funcionais e relacionados a experiências de vida, do que produtos caros ou luxuosos;
. Decoração faça você mesmo: você faz com aquilo que tem em casa; e, que em certos momentos poderia ser descartável;
. Troca-se tudo: cultura da permuta. Aqui cabe uma historinha. Uns 4 anos atrás uma das professoras da universidade que trabalho tentou fazer isto com livros.Montou uma pequena mesa, deixou uns livros e colocou uma plaquinha remetendo a troca de livros de forma espontânea. Um dos alunos reuniu os livros e levou-os a biblioteca para devolvê-los dizendo que alguém tinha os esquecido; e, que por isto poderia gerar multa ao descuidado.
Me surpreendo com minha mãe de quase 60 anos quando a mesma trocou uma bicicleta ergométrica e uma esteira de ginástica por uma bike novinha. Quando ela chegou com a bike perguntávamos quem havia comprado para ela. De forma simples, como se aquilo fosse algo comum em nosso meio, disse que foi em uma loja de móveis usados e trocou “taco-a-taco”.
. Ações pop up: campanhas, serviços e produtos surpreendentes e com curtíssima duração.
. Moradias nômades: casas temporárias e diferentes das convencionais.
. Eco-utensilios doméstico: equipamentos ecologicamente corretos.
. Ecóprole: com objetivos ecológicos as casa e os locais de morada estão se transformando.
. Simplestising: comunicação simplificada, com clareza visual sobre o produto.
. Emocionologia: estudo das emoções para que estas possam ser aplicadas à tecnologia. Geralmente comento em minhas aulas sobre lazer tecnológico, que estamos a cada dia digitalizando as emoções. Se estou feliz posso digitar um :), ou simplesmente um  que meu computador automaticamente já coloca. Os winks, emoticons e etc.
Você pode encontrar os demais no site: http://br.hsmglobal.com/notas/55893-os-20-mais-2010.
Após todas estas tendências para 2010 podemos ficar impressionados com as possibilidades e quantidades de coisas que vão acontecer em nossas vidas. Neste momento, vem a minha reflexão: Será que tendências não são apenas orientadores de consumo? As tendências podem ser cíclicas? Todos estarão sujeitos a estes possíveis efeitos? Perguntas que necessitariam alguns textos deste blog, mas mesmo que não venha a escrever as possíveis respostas, as tenho.
O que me fez pensar sobre isto? Nosso zelador. Paulo todos os dias quando saio para a universidade ao cumprimentá-lo pergunto como vai. Diz-me com sorriso e seu sotaque do interior: “Geraldo, a cada 30 minutos melhora um pouco mais”. Me pergunta da minha cachorra, do meu filho e deseja uma boa semana.
Detalhe. Sabe mais da minha cachorra do que eu, pois passa mais tempo com ela, mesmo que seja pelos seus assobios chamando a atenção da cachorra que mora em nossa sacada. Vê mais João Vitor do que eu, pois as idas e vindas ao playground e as saídas e retornos da escola, ele o acompanha.
O que move esta postura? Primeiro o otimismo. Independente das tendências ou das previsões sua atitude é sempre a mesma. Segundo um desapego ao “mundo das coisas”. E Terceiro, uma valorização das pessoas que estão ao seu redor.
Independente das tendências, previsões, penso que muitas destas possibilidades estão para a construção de induções de ações e consumo. Ou quem sabe mudança social. Creio que a mescla das duas seja o mais pertinente.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Não Avisaram o Papai Noel e nem os Turistas

A cidade de Florianópolis esta vivendo a cada inicio de temporada de verão um turbilhão de emoções. Neste 2009 a emoção maior foi a batalha da árvore de natal e seus penduricalhos – a programação cultural de natal e ano novo. A grande sacada é que o Papai Noel não foi a nenhum momento convidado, nem mesmo para as discussões se a árvore fica ou não fica ligada neste período.
Este ligado ou desligado me lembra algo que em nossa casa comentamos de forma aberta e veemente sobre as luzes de natal. Nosso condomínio fez campanhas de concursos de enfeites na sacada. Muitas luzes e enfeites brilhantes que fazem os olhos doerem.
Somos os únicos que não aderimos ao brilhantismo do natal, pois entendemos e passamos ao nosso filho que ligar uma quantidade de luzes faz mal a natureza, pois gasta energia. Será que não é meio incoerente termos o horário de verão para economizar energia e nesta época somos tão iluminados? Tudo isto acontece ao mesmo tempo em que a COP 15 acontece com os maiores “decisores” do mundo discutindo sobre sustentabilidade do planeta.
Mas voltemos à árvore, que também gasta energia. Todas as questões estão voltadas ao preço. Estes 3 milhões e uns quebrados que uns dizem que é muito, outros dizem que adequado e outros não sabem nem o que dizer.
Penso que o preço será muito mais alto, visto o grande número de turistas que buscam Florianópolis nestes últimos anos. A ilha que um dia foi da magia - ainda possui seus encantos, mesmo que em processo de pasteurização; chama muito a atenção de visitantes de todos os lugares do mundo.
Estes buscam experiências e não praias, cultura, gastronomia, shoppings e etc. Praias? Alguns lugares do planeta possuem tão belas quanto as nossas. Shoppings? Não somos tão bons assim. Serviços? Estes a cada dia se tornam mais impessoais e destreinados. Cultura local? Se lembrarmos que não nos lembramos do centenário de Cascaes, creio que não preciso dizer mais nada.
Então o que sobra? Penso eu que, o conjunto destas coisas aliadas às experiências e ao status de estar em Florianópolis; e, alguns locais elitistas para privilegiadíssimo; que confesso nos salva como destino turístico.
Diante de todas estas críticas a cidade que amo e escolhi para formar a minha família, vejo-a a cada dia estar sem rumo e sem alma.
Porque a árvore que já está não pode ficar ligada? Porque não se pode investigar com a “coisa” funcionando? Tanta coisa acontece neste país e só se investiga depois que já aconteceu? Que cara ficará os empreendedores turísticos que já lutam a duras penas para sobreviverem, quando o turista perguntar da programação do natal e ano novo?
No mínimo, constrangedor e embaraçoso. E aqui não quero fazer julgamentos do certo ou do errado, nem mesmo apoiar os gastos ou as investigações. São apenas questionamentos que fiz quando em um domingo a noite corri com meu carro para ver a tal árvore interativa com minha esposa e filho, pois iria ser apagada; e, teríamos apenas uma “coisa” no sentido restrito da palavra. Algo sem vida, sem razão e principalmente, carregada do espírito anti-natalino.
Ah, árvore de natal. Quem sabe no ano que vem nossos representantes pensem melhor, ou conversem antes com o Papai Noel, quem sabe ele possa trazer dentro do seu saco um pouco de solidariedade, compromisso com a cidade e turistas, pois creio que teremos dificuldades de atraí-los, se não sabemos para onde queremos ir, o que queremos e o que devemos fazer, mas principalmente, quem poderá ser contra e a favor das propostas.