quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Marketing e Comunicação de Eventos

Muitas transformações vêm acontecendo com o mercado de eventos nos anos, principalmente nas formas de relacionamentos entre o evento e seu target[1], já que a ampliação do mercado como um negócio fez com que houvesse um grande aumento no número de eventos e de destinos sedes, criando uma maior oferta ao consumidor.

Esta oferta ampliada por vezes requer um maior planejamento e habilidade do gestor quanto à forma de comunicar o evento, visto que para atrair os participantes se faz necessário a utilização de instrumentos que possibilitem a decisão da compra e da participação. Sendo assim, o papel do marketing na diferenciação das propostas de eventos ao mercado consumidor é de fundamental importância, visto a necessidade da captação de participantes, patrocinadores, apoiadores e parceiros de negócios.

Pensando o evento como uma variável que agrega valor a negócios e que geram negócios, os eventos podem ser um fim, mas também podem ser um meio, assumindo um papel fundamental na obtenção dos objetivos de empresas proponentes. Neste viés o marketing necessita ser pensado como um dos pilares da gestão do evento, sendo analisado e gerido durante todas as fases.

Na fase de concepção e dimensionamento do evento, a definição do conceito do evento possibilita os briefings necessários para o desenvolvimento da criação do conceito de marketing; e, isto ajudará a determinar o perfil que será proposto em fases posteriores. Se houver o entendimento que um evento nasce de um composto entre desejos, necessidades, recursos e target, pensar no marketing apenas quando o projeto do evento estiver formatado, pode gerar um desalinhamento entre quem propõe e quem produz.

A criação do conceito possibilita para a equipe de concepção o desenvolvimento da identidade visual do evento, como: a criação de logomarcas, ícones de identidade, determinação de cores, fontes, layouts e outras. Além disto, estar presente na fase de concepção e dimensionamento do evento possibilita a geração de dados para o desenvolvimento do plano de marketing e comunicação do evento, na qual estes além de determinar as estratégias que serão utilizadas definirão as ferramentas necessárias para alcançar o target que é proposto pelo proponente.

Na fase de Criação do Evento como Produto, na qual o gestor fará a quantificação e qualificação das necessidades para a composição do projeto, das planilhas de recursos e das propostas comerciais, na qual dará viabilidade e tangibilidade ao evento que foi concebido na fase anterior, o marketing de eventos irá auxiliar na construção de bonecos (peças modelos), juntamente com o plano de marketing para apresentar ao proponente do evento.

No momento da construção deste plano o gestor deve pensar nas diversas possibilidades existentes e suas aplicabilidades e eficácias para o perfil de target e evento na qual está inserido. Tendo uma visão estratégica e inovadora ao mesmo tempo o CMO - Chief Marketing Officer segundo Rossister e Danaher (1998), tem como maior desafio determinar as formas e ferramentas de marketing e comunicação e adequá-las as diversas tipologias de eventos requerendo uma determinada habilidade, um conhecimento refinado das especificidades e necessidades daqueles que serão envolvidos no evento, de forma direta ou indireta.

A figura abaixo mostra de forma segmentada a complexidade das ferramentas de marketing  desde o CMO até as ferramentas que geram o mecanismo de ação para que as informações cheguem a quem o evento se destina.

Figura 1: Complexidade do Marketing

 Fonte: Jhon R. Rossiter and Peter J. Danaher.  Advanced Media Planning. Kluwer Academic Plublishers, 1998, BCG analysis.

Se fizermos uma leitura de dentro para fora, ou seja, do CMO para as ferramentas poderemos constatar que a decisão de utilização deste ou de outro instrumento esta na tomada de decisão da equipe gestora ou mesmo apenas no CMO. No foco de fora para dentro poderemos ter uma visão baseada nos resultados ou nas aplicações que determinadas ferramentas podem ter tido em determinados eventos por histórico, criando um determinado padrão a determinado tipo de target.

O conhecimento deste composto de marketing e comunicação se faz importante, pois auxiliará no desenvolvimento das proposições que serão apresentadas ao proponente do evento. A utilização das ferramentas também está vinculada aos tipos de recursos disponíveis, sendo os recursos um limitador das possibilidades definidas anteriormente.

Na fase de comercialização do evento é o momento que a marketing de evento é ativado de forma que possa atender ao target, visto que até então suas ações encontravam-se em nível de planejamento e aprovações do proponente. Agora inicia o processo que definirá o sucesso ou o fracasso da ação, já que será posto a prova e ao público consumidor ou convidado o conteúdo do evento e seu poder de atratividade.
Neste momento a adesão seja por inscrições, convites, RSVPs, compra direta, pacotes, promoções relâmpagos, cortesias e outras formas de adesão fazem com que tenhamos o reflexo das ações de marketing que possibilitaram a relação comercial entre o proponente e seu target.

Mas, apenas as ações que visam a adesão não são suficientes para que o evento seja conhecido por todos e comprado por aqueles que se interessam por seu conteúdo. Uma ação institucional também se faz necessária, pois pode gerar uma maior possibilidade de ações espontâneas ampliando os meios de veiculação. É na fase de comercialização que se intensifica as reuniões de status, já que são elas que indicarão os números de adesão e ações emergentes de marketing que possam melhorar o números. Números, gráficos, pesquisas de expectativa pré-evento, visualizações da marca, quantidade de acessos, ligações e e-mails fazem com que tenhamos um retrato dos resultados das ações de marketing realizadas.
 
As comunicações junto àqueles que já aderiram ao evento se fazem extremamente importantes, pois estes devem receber informações atualizadas dos conteúdos, fazendo com que o interesse e as expectativas aumentem até a chegada do dia do evento.

No período de pré-produção do evento quando o evento esta saindo do escritório para sua sede, chega o momento de preparar para a viagem todos os materiais de participantes, quando houver; os materiais de comunicação visual; e, de veicular as últimas ações, pois geralmente restam poucos dias para a execução. Na fase de produção do evento acontecem as montagens necessárias para a realização, sendo a comunicação visual do evento uma das últimas etapas a ser montada. Isto se refere a sinalizadores, banners, displays, faixas, totens, telas de apresentações, vídeos institucionais, stands no caso de feiras, brindes, materiais de participantes, até chegarmos ao detalhe do detalhe, como uma carta de boas vindas, ou uma mensagem SMS agradecendo a presença no evento.

Então,  as montagens destes materiais é que darão visibilidade a todos aqueles que investiram no evento, ao mesmo tempo que comunica de forma estática ou dinâmica as relações entre os stakeholders do evento e seu target, seja no foco institucional, de produto ou serviço.

Na execução do evento tudo gera marketing, ou seja, a relação entre sujeito e evento se dá desde quando ele se dirige ao evento materializando suas expectativas e saciando suas ansiedades. Os recepcionistas comunicam, o material comunica, o lugar, a decoração, a entonação de voz dos palestrantes; e, principalmente a atmosfera que o evento gera faz com que as pessoas se sintam acolhidas, seguras e bem recebidas.

Quando as luzes diminuem e o evento começa o alinhamento de todas as esferas anteriores e todas as “entradas” e “saídas” devem estar extremamente sincronizadas, pois o expectador estará atento a tudo e a todas as marcas, merchandisings, vídeos e conteúdos que aparecerem.

O entendimento que o evento termina quando sua ação de execução é finalizada é um entendimento amador e que não compreende a importância das relações de marketing e comunicação no contexto do retorno sobre o investimento daqueles que investiram para o evento se realizar.

Desta forma, o pós-evento requer um  cuidado e refinamento aos dados obtidos nos períodos que antecederam e na execução do evento, pois relatórios de marketing e comunicação são de extrema importância para o desenvolvimento de novas relações e negócios por aquelas organizações investidoras  e o target, bem como de quanto foi o resultado de intangível que se torna tangível quando se calcula as veiculações que o evento proporcionou. Estes dados apresentados ao target, além das avaliações respondidas pelos participantes, pelos expositores compõem juntamente com os relatórios financeiros e de network os resultados finais do evento.
Marketing de eventos gera resultados extraordinários para empresas e para organizadores de eventos se bem trabalho em todas as suas fases, visto que quanto mais próximo estivermos daqueles que aderem aos eventos, aos produtos e serviços dos patrocinadores e apoiadores –investidores, tendo como principio o face-to-face , a geração de novas experiências e a degustação daquilo que cada player propõem, certamente os eventos se transformarão em uma valiosa ferramenta de marketing, ou o marketing agregando valor aos eventos.  


[1] Target é entendido como todos os envolvidos no evento, não se restringido apenas ao público-alvo, mas também aos apoiadores, patrocinadores, imprensa, fornecedores, instituições publicas e provadas que podem participar do evento ou mesmo sofre impactos positivos e negativos com as etapas do evento.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

O Significado do Conhecimento: tudo ao mesmo tempo agora

Vivemos na sociedade do conhecimento e esta vem a cada dia sendo mais valorizada e desenvolvida, visto as diferentes relações entre indivíduos, empresas, organizações e as informações.

Inúmeras são as formas de obter informações e gerar conhecimentos. Tradicionalmente entendemos as instituições educacionais aquelas que por essência são classificadas como as geradoras de conhecimento e disseminadora de informações, pesquisas, inovações e transformações. Outras formas de gerar conhecimentos são definidas como não-formais, ou seja aquelas na qual o método não possui uma sistematização que possa ser repetida de forma não eventual.

Atualmente vivemos um colapso dos sistemas educacionais nacional quanto sua qualidade e conteúdo, mas também na vertente das novas possibilidades da geração de conhecimento e na transmissão de informações, visto as formas tradicionais de educação que não agregam tantas experiências e não geram tantos valores oriundos de estratégias do quadro negro ou branco, das transparências e do data show. Muitos não sabem ou não conseguem entrar em sala de aula sem seu aparatos tecnológicos ou mesmo não sabem transformá-los em um instrumento didático de ensino.

Muitas vezes os professores e alunos comentam que o filé mignon das instituições de ensino estão nas relações geradas entre aqueles que possuem o conhecimento e daqueles que os desejam. Fala-se também em competências, que para alguns ainda tem a ver com conhecimentos, habilidades e atitudes, mas que possui um rol de variáveis que se relaciona muito mais com o comportamento e a pré-disposição do individuo do em estar aberto para o aprendizado e para as novas situações que geram vivências e experiências do que qualquer outra coisa. Não adianta termos professores preparados para agregar valor ao ensino se ainda temos alunos que estão sentados nas suas cadeiras pensando somente na nota que precisa "tirar" no final do semestre.

Semanas atrás fiz uma avaliação daquelas tradicionais, com questões abertas e de interpretação de texto. Todas as respostas estavam contempladas nos textos de alguma das perguntas. Ao entregar as notas, 60% da turma abaixo da média, 30% acima de 7,0 e apenas 1 com 9,5.

Então para tentar entender o que havia acontecido perguntei ao Paulo o que ele fez para a prova, sem falar da nota ou mesmo entregar a ninguém. Paulo me responde com uma nova pergunta:- Professor. Fiz o que? Apenas estudei. Indaguei novamente: - Quanto tempo? Sua respostas foi de de 2 horas.

Depois informei a turma a nota de Paulo e a nota dos demais. Perguntei novamente: Estudaram? A metade corajosa da turma levanta a mão dizendo que não.Então comecei a contar a todos a história do Paulo, que trago um trecho para contextualizar o texto.

Paulo é um garoto de 19 anos, filho de pescador da cidade de Garopaba, com certeza absoluta seu avô foi pescador de baleia. Um afrodescentende bonito de se ver. Um dos únicos do curso que frequenta. Fala seu manezés tradicional. É aluno do Prouni e acorda as 4h30m da madrugada, por que a manhã ainda nem chegou neste horário. Pega um ônibus da prefeitura que paga apenas R$50,00 por ano e se desloca durante 2 horas para a universidade. Quando chega fica sentado na praça de alimentação mais uma hora e meia esperando o horário da aula.O ônibus leva alunos para várias universidades e a de Paulo é a primeira da rota.

O restante dos alunos quietos. Podia se ouvir as asas dos mosquitos que vivem na sala 120 do Bloco D. Faça então a pergunta crucial da minha intervenção: Paulo. O que a universidade representa pra você?

Responde sem pestanejar. - Professor. A universidade vai mudar a minha vida. Se eu ficasse na minha cidade eu seria como o meu pai, pescador ou iria trabalhar em bar. Isto aqui pra mim representa muita coisa, tem um significado muito grande.

Será que preciso contar a história toda? Paulo é cabra da peste como eu digo. Agora será que eu como professor estou sendo significante na formação de Paulo? Ou será que ele sairá da sala pensando que todo o esforço que é feito todos os dias vale a pena?

O conhecimento tem signifcado para aquele que entende que a sua falta é extremamente prejudicial, seja para a vida ou para a nota. Aqui cabe dizer que uma das meninas colegas de Paulo levanta a mão dizendo que estava apenas interessada na nota. Pobre criatura. Lhe disse: Minha linda. O conhecimento não vale nota, o conhecimento é para a vida toda.

Esta diferenciação esta sendo feita pela galerinha radical, como chamávamos quando eu trabalhava em um hotel de luxo. Aqueles de 4 a 10 anos. Querem hoje aprender de tudo. De cozinha a mandar mensagens pelo celular. Do soltar pipa a ler um livro digital.

Este caras já sabem que conhecimento não esta só na escola. Que informação vale mais do que qualquer coisa e que colocar o conhecimento em prática tem mais valor do que apenas tê-lo. Isto se chama sabedoria. Quanto ainda temos que aprender. Com certeza tu vais lembrar daquele pior professor que você tinha. Daquele que cobrava mais, que se dedicava; e, que naquela época você o chamava de rigoroso. Bom! Eles fora os cara com o que eu mais aprendi. E, digo mais. Como eu aprendo com os meus alunos, com as situações do dia-a-dia e com as coisa que vejo na Internet.

Queres saber o método? Tesão com T maiúsculo e pré-disposição de ensinar e aprender.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Interatividade nos vídeos

Algum tempo atrás quando eu falava sobre a interatividade em vídeos para meus alunos de sociologia do lazer e de recreação todos sem exceção pensavam apenas nas possibildiades de interatividade junto aos vídeos games.

Esta realidade a cada dia vem sendo transformada, visto que a interatividade esta ultrapassando as barreiras dos vídeos games para estarem compondo as escolhas, mesmo que previamente estabelecidas pelos produtores, mas que possibilitam o expectador a interagir com aquilo que esta assistindo e seguir um caminho escolhido.

Vasculhando o Youtube encontrei um vídeo muito interessante da Adidas Calle, que apresenta um possibilidade de interação entre vídeo e expectador. Dá uma olhada.



Além de ser um possibilidade interessante, note que cada vez que você que leh a aparece uma escolha, esta faz com que haja o desejo de visualizar o que um dos 3 personagens do vídeo pode apresentar. Então, você vai clicando e assistindo. Note também, que para a publicidade e propaganda é uma forma excelente de fazer com que o consumidor posso além de ficar mais tempo "linkado" nos seus produtos, o mesmo possa neste caso compreender mesmo que visualmente os moods criados para aquele determinado produtos e marca.

Isto quer dizer que quanto mais vejo o vídeo, mas posso me identificar com a marca, pois posso comparar as experiências vividas pelos personagens com as possíveis experiências que poderemos ter com aquele determinado produto. Com base nisto, se pode tirar uma série de conclusões, que podem inclusive não serem concluídas, pois se pode criar continuações e continuações.

Pensei que isto se resumia apenas ao Youtube, visto a possibildiade de criação dos hiperlinks. Um dia chegando em casa João Vitor saca de sua mochial um dvd do Playmobil. Lembro que playmobil era um brinquedo que eu tinha quando criança;e, que meu filho hoje recebe de presente dos tios que também brincavam.

Então, no meio do caminho do vídeo do playmobil aparece as opções para seguir o percurso da história, perguntando-lche se quer ir para uma ou outra. Com o controle do dvd o pequeno de 4 anos faz a sua escolha e segue assistindo.

Veja que aqui a publicidade esta apenas no trailer que atencede o vídeo, mas as possibildiades de interação também estão presentes, mesmo que induzidas por opções criadas antecipadamente por alguém que não se conhece ou mesmo desfocada da nossa cultura cotidiana.

A realidade aumentada também é um fenomeno que pode contemplar estas situações. Na tampa da caixa de sandália do Ben 10 ganha pelo João Vitor no dia das crianças, um quadrado preto e branco com um símbolo ocupa quase que 50% do espaço. Então o pequeno galego coloca no www.algumacoisa que havia escrito na caixa e começa a posicionar a tampa na frente da webcam. Só escutávamos os gritos de: "Noooosssssa. um alienígena". Foi um tira e coloca de tampa da caixa de sapato na frente do computador que foi uma loucura.



O mais bacana de tudo isto é que todas as interações estão direcionando as pessoas para a web, possibilitando com que o interesse que por hora pode ser apenas de curiosidade se transforme em dependência de experiências. Experiências que podem ser transportadas para o mundo real.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Gerenciando Cérebros e Organizações

Constumo no blog sempre apresentar textos de minha autoria, mas depois de uma tuitada acabei encontrando este texto que trago na íntegra abaixo.


“Ou as organizações aprendem a gerenciar cérebros ou não serão mais organizações”, afirma especialista

Mais do que gerenciar pessoas, as corporações que desejarem passar ilesas pelas tempestades do mundo contemporâneo, vão ter que aprender a gerenciar cérebros e todas as suas peculiaridades. Gerenciar cérebros é, portanto, o novo e grande desafio da liderança moderna, pois o bem-estar da organização passa, necessariamente pelo bem-estar das pessoas, e o bem-estar das pessoas passa, imprescindivelmente pelo bem-estar de seus cérebros.

É sabido que o homem, como animal social que é, necessita emocionalmente do relacionamento, das conexões com seus semelhantes. Tal fato se demonstra nas mais diversas e complexas estruturas sociais que desenvolvemos desde os nossos ancestrais, no intuito de garantirmos a sobrevivência e o domínio do planeta. Assim como na sociedade, na família, na escola, nas empresas, estabelecem-se níveis e hierarquias de poder que determinam a organização dessas estruturas e garantem a coexistência de seus membros.

O cérebro e o poder

Em qualquer tipo de estrutura social organizada podemos vislumbrar alguns tipos de poder, dos quais se destacam:

• Poder posicional
É o poder inerente à estrutura da organização, normalmente definido por um cargo ou função ocupado necessariamente por uma pessoa. Exemplos: O pai, na família; o gerente, na empresa; o prefeito, no município.

• Poder de recompensa
Comumente vinculado ao poder posicional, é o direito que o ocupante de um cargo ou função na estrutura tem de recompensar pessoas por um comportamento adequado.
Exemplos: O elogio do pai ao filho; a premiação do gerente ao funcionário; a promoção do prefeito ao servidor.

• Poder coercitivo
Também diretamente conectado ao poder posicional, é a capacidade adquirida pelo ocupante de um cargo ou função de punir um comportamento inadequado.
Exemplos: O castigo do pai ao filho; a demissão do funcionário pelo gerente; o corte da gratificação do servidor pelo prefeito.

• Poder de especialização
Diz respeito ao conhecimento ou habilidade específica que alguém possui e desperta o interesse de determinado grupo de pessoas.
Exemplo: Um consultor especialista em finanças em relação a um grupo de analistas financeiros.

• Poder de referência
Associado ao aspecto humano do indivíduo, à sua capacidade de cativar, conquistar, persuadir e mobilizar pessoas independentemente daquilo que representa em determinada estrutura. Ou seja, é o poder vinculado ao caráter, ao carisma, ao comportamento.

Diante das evidências, é fácil inferir que numa era de gestão de cérebros, o único poder que resolve é o ‘Poder de Referência’. E isto acontece porque o poder de referência é o único que contempla todas as nuances do cérebro alheio.

O cérebro e as organizações

Quando éramos coletores e caçadores, as estruturas sociais eram simples, vivíamos com base no nomadismo, habitávamos tribos e o poder era concentrado normalmente na mão do mais forte e ágil do clã. Evidentemente, nossos ancestrais dispunham de uma estrutura cerebral primitiva que atendia suas demandas, diga-se de passagem, extremamente básicas.

Há aproximadamente 12 mil anos, nos tornamos agricultores e passamos a viver de forma sedentária, sustentados por uma estrutura social mais complexa. Surgiram as comunidades e aparece de forma declarada, pela primeira vez na história humana o ‘Poder Posicional’. A era dos senhores feudais, dos coronéis e dos capatazes. Uma sociedade hierarquicamente posicionada, onde poucos mandam e muitos obedecem.

Neste momento, as pessoas têm seus cérebros atrofiados, pois executam atividades repetitivas, mecânicas, onde o sistema nervoso periférico com seus nervos motores é suficiente para o gerenciamento do comportamento. Não há pensamento crítico, análise, julgamento, criatividade (atividades cognitivas tipicamente humanas).

O ápice do ‘Poder Posicional’ acontece no final do século XVIII, quando teve início na Inglaterra a tão difundida revolução industrial. Surge a relação Capital versus Trabalho, onde o capital vale mais. As organizações e as pessoas passam a celebrar contratos em que impera a execução de atividades em detrimento do pensamento crítico e racional. Novamente, os cérebros são relegados aos bastidores da atividade econômica. Uma frase de Henry Ford retrata bem o modelo vigente nessa época: “Toda vez que eu preciso de um par de mãos para trabalhar, vem junto uma pessoa para atrapalhar...” disse ele. O que as organizações desejavam era justamente a mão-de-obra.

Por volta da década de 1980, culminando com a revolução das telecomunicações e da tecnologia, surge a Era do Conhecimento, e finalmente, a capacidade cognitiva humana passa a ter seu espaço nas intrincadas estruturas sociais. Sai a expressão mão-de-obra e surge o modelo cérebro-de-obra. As organizações descobrem o óbvio: as pessoas são melhores quando pensam!

Atualmente, vivemos uma novíssima economia – tão nova que já não está baseada na informação, mas sim na competência em utilizá-la. O mais fantástico: essa competência é essencialmente comportamental, e os comportamentos, como bem sabemos, dependem dos cérebros. Ora, se os comportamentos são respostas aos estímulos que recebemos nos mais variados contextos em que atuamos, e essas respostas dependem exclusivamente de como nossos cérebros mapeiam esses estímulos, então é justamente nos sistemas nervosos de cada indivíduo que devemos nos concentrar.

O cérebro finalmente está no comando

Com o intuito de entender mais e melhor a complexidade do comportamento humano, a neurociência vem flertando já há algum tempo com as estruturas de gestão de pessoas nas organizações para promover mudanças no modo de operar das diversas estruturas sociais a partir da gestão dos comportamentos humanos. Cada vez mais, treinamentos, ferramentas e pesquisas estão sendo viabilizados no sentido de potencializar as habilidades cerebrais, aumentando o nível de atenção, a concentração, a capacidade de retenção e aprendizado, a inteligência emocional, melhorando assim as respostas comportamentais das pessoas nos diversos ambientes em que atuam.

No início da década de 1990, o presidente americano George W. Bush anunciou que aquela seria a década do cérebro, e ele estava certo. Se nas eras industrial e da agricultura a produtividade estava relacionada à aptidão física das pessoas, na era do comportamento, definitivamente a produtividade está associada à aptidão mental. Se analisarmos as estruturas mentais mais primitivas: cérebro reptiliano e límbico (instintos e emoções), não perceberemos diferenças significativas entre o animal humano e os demais animais que habitam este planeta. O que nos diferencia, nos torna especiais, únicos e capazes de dominar este pequeno ponto azul alocado no universo é nosso córtex superior.

Cientistas têm mostrado com veemência por meio de imagens de ressonância magnética, que pessoas que foram expostas a situações específicas e as julgaram justas, tiveram seus centros de compensação do cérebro ativados como acontece quando se encontram com entes queridos por exemplo. Isto significa que houve aumento na emissão de serotonina (neurotransmissor do bem-estar, que tem profundo efeito no humor, na ansiedade e no comportamento agressivo de um indivíduo).

Este fato abre um precedente para que a gestão de recursos humanos nas organizações passem a implementar políticas para o cultivo da justiça e de recompensas que inspirem as pessoas a terem mais confiança. De fato, o ‘Poder Posicional’ perde espaço neste contexto, pois o único poder capaz de estabelecer vínculos de confiança com seres humanos é o ‘Poder de Referência”. Assim, a empresa do futuro, focada nos cérebros que nela atuam, formará gestores com maior interesse nas pessoas, capazes de apoiá-las e recompensá-las verdadeiramente.

Na Era Wellness (era do bem-estar), não há mais sentido em alguém se orgulhar em viver sob altas doses de pressão e estresse e não ter tempo para nada. Um gestor perverso, que promove estresse em seu ambiente de trabalho, irá inundar o cérebro de seus colaboradores com cortisol, fazendo com que se desliguem, se fechem para novas ideias, percam motivação e parem de nutrir o desejo de ajudar. Sem contar que o estresse prolongado diminui a produção de neurônios, compromete muito a memória, afeta os sentimentos, reduz a imunidade do organismo e influencia negativamente a longevidade.

O cérebro e a qualidade de vida

Suzana Herculano Houzel, neurocientista brasileira, chefe do Departamento de Neuroanatomia Comparada da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) é da opinião de que pessoas que têm mais atividade mental têm, em conseqüência, maior qualidade de vida. Para ela, o cérebro ideal é aquele com o qual nos sentimos bem. Pessoas que estimulam mais seus cérebros aumentam suas habilidades cognitivas, expandem suas sinapses, otimizam seus neurônios e enfim, tornam-se mais inteligentes.

A qualidade de vida de uma pessoa está diretamente relacionada à qualidade de suas escolhas, e suas escolhas dependem de um cérebro saudável. É fascinante notar que a maioria das pessoas está tão automatizada em suas experiências cotidianas que não reflete mais sobre suas próprias prioridades, e elas escolhem num automatismo assustador.

Essa rotina de comportamentos automatizados, repetitivos e previsíveis atrofia a atividade mental de qualquer pessoa, limitando-a, tornando-a pior a cada dia. Um cérebro pouco estimulado é um gigante que adormece. Sem dúvida, a sensação de bem-estar no dia-a-dia depende diretamente da qualidade da vida mental do indivíduo. Os cientistas são unânimes em afirmar: Assim como exercitamos nossos músculos para que os mesmos não atrofiem, necessitamos exercitar nosso cérebro para desenvolvê-lo. È claro que o tipo de exercício é bem diferente.

Os pesquisadores defendem que é preciso manter constantemente a atividade dos neurônios. Assim, o cérebro fica afiado. A malhação, neste caso, é feita com estímulos frequentes, como aprender um novo movimento de dança, ler sobre um assunto com o qual não está habituado ou simplesmente mudar o caminho do escritório até sua casa. Atitudes como essas, segundo os especialistas no assunto, são capazes de aumentar o poder de raciocínio, a concentração e até habilidades como desenhar ou escrever.

Uma das provas de que exercitar a mente é fundamental para a juventude do órgão foi publicada em 2001 no Jornal da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos da América. Pesquisadores americanos mostraram que pessoas com o hábito contínuo de ler, jogar xadrez, fazer palavras cruzadas ou dançar estão duas vezes mais protegidas do mal de Alzheimer – doença degenerativa que pode surgir com o envelhecimento – do que as que passam a vida acomodadas, apenas assistindo TV, por exemplo.

Os cientistas entrevistaram os familiares de 193 pacientes com o problema para identificar os hábitos culturais dos participantes e também conversaram com 358 pessoas sãs. Todos tinham cerca de 70 anos. Concluíram que quem sofre do mal de Alzheimer geralmente costumava passar horas diante da TV ou ao telefone, enquanto os voluntários saudáveis sempre exercitaram o cérebro.

O cérebro e a mente

Um cérebro pode morrer! E quando ele morre nosso corpo também morre. Todavia, a mente é capaz de se manter viva e tornar-se eterna. A mente é a maior riqueza de uma pessoa, é seu legado, é o que fica quando o cérebro “desliga”. Ela guarda seus segredos, vontades, desejos, anseios, memórias, histórias, e tudo mais que diz respeito a você como criatura humana.

As organizações modernas, mais do que em qualquer outra época da história do homem na terra, querem pessoas capazes de influenciar seus contextos com suas mentes. E para tal, tornam-se fundamentais cérebros ativos, saudáveis, devidamente estimulados. A sociedade necessita urgentemente de seres humanos que desenvolvam e utilizem a maior de suas potencialidades: a atividade mental cognitiva. A mente é o que fica do uso que fazemos ao longo da vida desse ilustre desconhecido: o cérebro.

Talvez, a descoberta mais fantástica que qualquer pessoa pode fazer a respeito de seu próprio cérebro é que ele tem uma incrível vocação social, ou seja, é voltado para o relacionamento. Quanto mais nos relacionamos, maior será nossa aptidão mental desenvolvida. As diversas organizações que criamos ao longo de nossa história como ser pensante (família, escola, empresa, comunidade, estado, país, etc) são uma busca inconsciente e compulsiva de nossos próprios cérebros em satisfazer sua vocação natural.

Em poucos anos, ou as organizações aprendem a gerenciar cérebros ou não serão mais organizações. Por que as organizações dependem dos cérebros, que necessariamente necessitam das organizações.

Gerson Rodrigues (Especialista em Marketing de Relacionamento, em Vendas Diretas com ênfase em CRM. Palestrante, consultor e autor do livro: Atendimento Nota 1000, o que fazer para encantar e fidelizar clientes.

HSM Online
23/08/2010