sábado, 27 de fevereiro de 2010

Silêncio: um luxo contemporâneo

Na sacada de nosso apartamento colocamos todas as manhãs comida para os passarinhos. De tempos em tempos podemos avistá-los, mas todos os dias acordamos com os seus cantos próximo de nossas janelas. Na retomadas das nossas atividades laborais depois de um gostoso período de férias, além de termos que retornar ao trabalho, alterando o ritmo; e, acelerando-o, temos um componente que aumenta sensivelmente: o barulho.

Quanto tempo você fica sem ouvir nenhum tipo de ruído? O toque do seu telefone te incomoda? Se ficar fazendo perguntas sobre os ruídos e barulhos teríamos uma infindade de "coisas" que você me diria que lhe deixa muito irritado.

Pois é. O silêncio a cada dia vem se tornando um artigo de luxo e pessoas estão pagando muito caro para tê-lo. Pagando pelo silêncio? Isto mesmo. Quando desejo não ouvir ninguém coloco os meus fones ultra-modernos que custam o dobro dos normais para ouvir apenas a música. Quando queremos relaxar, geralmente nos isolamos em locais voltados a natureza. Aqui cabe uma histórinha: "no meu grupo de mestrado resolvemos fazer um rafting. Então, procuramos uma empresa que nós proporcionou a experiência. Depois de quase 2 horas de remadas rio abaixo e rio acima, os braços tremiam desgastados por tanto esforço. Um dos componentes do barco, contemplou a paisagem que era belissima e disse: que higiene mental."

Nilton estava querendo dizer que a tal higiene mental era um momento diferente, em um lugar diferente, um situação nova e um grupo de pessoas diferentes daquele que ele estava acostumado. Mas principalmente a higiene se relacionava aos sons que ouviamos. O canto dos pássaros, do barulho da água e das nossas proprias mentes. Tem um autor que não me recordo o nome que diz o seguinte: prefiro o dialógo comigo mesmo, do que o monológo com minha mulher.

O silêncio tem esta propriedade. A propriedade do dialogo interno, da reflexão, da contemplação e da possibilidade de desenvolvimento individual. Digo isto porque imerso a uma quantidade de barulho fica dificil a concentração e o desenvolvimento da criatividade, acarretando em  uma diminuição na produtividade.

Esses tempos contei a quantidade de telefones que tocavam no local onde trabalho, visto que trabalhamos em ilhas. Aproximadamente 11 telefones tocavam ao mesmo tempo. Pessoas passando, gente falando e pouco silêncio. Acostumei até por um tempo a ler com o radio ligado, pois tanto era o barulho que não conseguia ficar sem.

Que luxo nossos avós tinham quando podiam apenas ouvir os passaros sem as buzinas dos carros. Que bom era ouvir o mar sem o funk do vizinho de guarda-sol. Mas, mais maravilhoso ainda era conversar no botequim da esquina e não ouvir a nuvem de som da praça de alimentação do shopping.

Por favor, fale baixo. Se o silêncio é um luxo, precisaremos daqui a alguns dias juntar dinheiro para comprá-lo. Então, economize.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Entrevista para o Portal de Notícias UNISULHoje

Confira a entrevista de Geraldo Campos para o Portal de Notícias da UNISUL.

GERALDO CAMPOS
Duas paixões: família e universidade
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Por Elóy Simões
Era para ser uma entrevista. No entanto, o depoimento do professor Geraldo Campos foi tão emocionante que resolvi reproduzi-lo na íntegra. Do jeito que ele me deu. Tenho certeza de que você vai se emocionar também.
Leia:

“Sou manezinho nascido em Porto Alegre (RS). Digo isto porque, além de adotar Florianópolis para morar, sou um apaixonado pela cidade, pela cultura e pelo jeito dos manezinhos. Tenho 34 anos, sou casado, tenho um filho, cachorro, hamister e um peixe beta. Além de gostar de artes, plantas, música e comer.
Sou graduado em Educação Física e Esportes pela Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC; Especialista em Psicomotricidade pela Universidade Cândido Mendes; Especialista em Gestão de Eventos Culturais, pela Scuola di Ravello na Itália, Mestre em Administração, pela UNISUL.
Nasci em uma família de classe média, que se mudou para Florianópolis na década de 1980 após um assalto a mão armada. Lembro-me de que a escolha da Ilha da Magia foi após um veraneio em 1984. Lembro-me também de que durante uns 10 anos passamos por muitas dificuldades financeiras, na qual nossos pais tinham que muitas vezes deixar de comer para que eu e meu irmão pudéssemos se alimentar.

TRABALHO DURO
Nesse período a família inteira trabalhava – eu tinha uns 10 anos e meu irmão uns 6. Fazíamos bonecos de pano e meu pai pegava na época um Chevette bege e saía pelo estado vendendo. Resumindo, porque a história é grande e de muito trabalho. Após os bonecos, meu pai foi trabalhar em uma estofaria e acabou montando a dele. Nossa primeira estofaria foi em uma garagem, reformávamos bancos de carros e cadeiras de escritórios, evoluindo para sofás e estofamentos residenciais.
Como meus pais sempre foram empreendedores e extremamente criativos, viviam diversificando seus negócios, mas sempre com toda a família junta. Eu e meu irmão Vitor carregamos muitos sofás, colchões, cadeiras. Enquanto nossos amigos iam para a praia no verão, ficávamos trabalhando; enquanto a galera ficava na esquina, íamos estudar.

Hoje a estofaria se transformou em uma fabrica de móveis que tem aproximadamente 40 funcionários, sendo considerada uma das maiores da região. Mas meus pais ainda continuam trabalhando muito, embora desfrutando também, graças ao esforço de pelo menos 25 anos.
Nesse ínterim estudávamos em escola pública e muitas vezes éramos cobrados por bons resultados na escola. Lembro de uma ocasião em que tínhamos uma letra muito feia. Então, nossa mãe pegava e rasgava as folhas do caderno e mandava escrever tudo novamente. Meus pais diziam-nos naquele tempo que iriam nos levar à universidade nem que se fosse pela mão. Eram preocupados com o futuro e hoje como pai entendo e agradeço as preocupações que eles tinham naquela época.
O engraçado dessa história é que eu nem queria saber de universidade. Hoje sou apaixonado por ela, pelo movimento de gente, pela geração de conhecimento, pelas pessoas que trabalham e estudam, o relacionamento com os alunos e colegas de trabalho.

O COMEÇO
Com 16 anos fui aprovado em Educação Física na Universidade do Estado de Santa Catarina; e, este é um capitulo à parte da minha vida. Achava que tinha que escolher uma profissão que desse dinheiro. Não entendia o que entendo hoje, que independente da profissão escolhida, o empenho, a determinação, o profissionalismo e o empreendedorismo fazem com que tenhamos sucesso ou insucesso, além de muitas variáveis que interferem nesse processo.
Iniciei minha graduação com o objetivo de trabalhar com esporte para pessoas portadoras de necessidades especiais e no meio do caminho comecei a me interessar pela área de recreação.
Então, nessa época funcionava assim: manhã faculdade, à tarde carregava sofá e à noite estudava. No final de semana, enquanto todos curtiam eu saía muitas vezes vestido de palhaço para animar festas de aniversário de criança.
Durante os 4 anos de universidade essa foi a minha rotina. Nos períodos de verão ao invés de curtir as férias, trabalhava em hotéis e parques aquáticos, clubes e associações. Quando tenho algum tipo de dificuldade hoje lembro-me daqueles momentos no parque aquático. Às vezes ficávamos das 8 da manhã às 8 a noite no sol, ou sentado em cima de um tobogã. O dia todo. E quando era frio e tínhamos que entrar na piscina? Aí eu ficava molhado até a camiseta e a bermuda secar. Saía de casa pela manhã, levando na mochila a marmita de macarrão. Foi punk.
Em 1996 trabalhei em ruas de lazer em um projeto chamado Estação Besc. Passei o ano inteiro viajando por toda Santa Catarina, fazendo ruas de lazer e animação de crianças. Este projeto se transformou em um case que ganhou o premio Top de Marketing da ADVB.
Foi também em 96 que conheci a Fernanda, minha atual esposa. Depois conto mais um pouquinho sobre esta história.
No verão de 1997 foi onde começou meu interesse pelos eventos. Trabalhava para um hotel durante a semana e nos domingos atuava para a rádio Atlântida FM, em praias do litoral catarinense. Pude, então, observar a potencialidade da área de eventos.
Nesse mesmo ano, fui convidado por duas empresas de recreação para que eu me tornasse sócio. Resolvi então abrir minha empresa. Já que eu era tão bom para trabalhar nas duas únicas empresas da cidade na época, poderia ter a minha, pensei. Criei a Lazer e Cia, e comecei a trabalhar com o foco em eventos de recreação para escolas.
Minha experiência durante a universidade fez com que eu recebesse um convite do superintendente da Fundação Municipal de Esporte de Florianópolis para coordenar o projeto Esporte e Lazer nos bairros. Com 24 anos eu coordenava uma equipe de aproximadamente 50 monitores e de 2 a 3 eventos por final de semana. Lembro-me de que as reuniões eram gigantescas. Tínhamos mapas, planejamento, avaliação de participantes, montávamos caminhões com camas elásticas, quadras esportivas, pernas de pau. Era uma festa. Quando chegávamos nas comunidades às vezes recebiam mais de mil crianças por dia. Altas experiências.
Comecei a ver a docência como uma coisa interessante, pois trabalhar todo o final de semana não era fácil.
Iniciei na UNISUL na unidade de Jurerê Internacional como professor de recreação e lazer e tive muitas dificuldades, pois muitas vezes tinha a mesma idade daqueles que eram meus alunos.
Como iniciei no curso de Turismo e minha formação era em Educação Física um mês antes de começar as aulas comecei a ler livros sobre turismo. Lembro-me de que em um mês li quase 5 livros. Tinha de fazer isso. Como eu iria dar aula para o curso de turismo sem conhecer nenhum autor? Não dava, né.

FERNANDA E JOÃO VITOR: UM CAPÍTULO ESPECIAL
Nesse período namorava à distância com a Fernanda. Ela em Porto Alegre e eu em Florianópolis. Durante 6 anos, de 15 em 15 dias nos víamos. Em 2000 casamos.
Fernanda é uma pessoa especial, sempre me acompanhou em todas as minhas batalhas e conquistas. Além de uma excelente esposa e mãe é uma excelente gestora. Hoje ela é a responsável pela gestão da casa e financeira, além de trabalhar com o desenvolvimento de professores e em aulas particulares de Língua Inglesa. Se não fosse ela eu estaria arrombado, como dizem os manezinhos.
Hoje temos o João Vitor, um galego de 4 anos que é uma figura. Digo que já nasceu com o Windows Vista e todos os seus aplicativos. Cada dia uma coisa nova. Um aprendizado e tanto.

POR QUE A UNISUL?
A UNISUL foi uma escolha. Comecei como professor, e gastava mais do que ganhava, pois morava em São José e todos os dias ía para o Norte da Ilha.
Além de professor de cursos de Graduação e Pós-graduação, já fui supervisor de extensão, supervisor de empresas juniores, coordenador de eventos e hoje estou a frente à Assessoria de Eventos, criada em agosto de 2009.

A CRISE
Neste meu caminho pelos setores administrativos, vi a importância do estudo da gestão, foi aí que resolvi fazer um mestrado em administração. No meio do mestrado tive Síndrome do Pânico. Coisa que não desejo nem para o meu pior inimigo, que penso não ter.
A sensação era de morte em cada crise. Tinha crise até dormindo. Não conseguia sair de casa e tinha medo de tudo. Muito relaxamento, muito tai-chi-chuan, muito remédio e muito apoio. Tinha um acordo com os meus alunos e estagiários, que durante 3 anos me ajudaram muito. Muitas vezes tinha crises em sala de aula ou no meio dos eventos e os alunos já sabiam o que fazer.
Como sabia que não iria morrer, pedia para os alunos me acalmarem. Uns 10 minutos e já estava dando aula novamente. Meus estagiários e funcionários também sabiam o que fazer, então tinha aliados no trabalho e aliados em casa, porque não é fácil, não. Acordar todos os dias achando que vai morrer é punk. Mas passou, ufa. E foi um aprendizado e tanto.
Em 2007, quando estava me recuperando das crises e elas estavam menos constates, fui convidado para acompanhar o Festival de Ravello durante 3 meses na Itália. Nunca tinha ficado tanto tempo fora de casa e o principal de tudo, meu filho, tinha apenas 1 ano. Lá fui eu. Passei poucas e boas no meu trajeto de Florianópolis até Ravello. Dormir em aeroportos, ficar sem comer, não ser entendido e outras histórias que fazem parte de um livreto chamado Diário de Bordo.
Foram tantas as dificuldades de adaptação que eu era conhecido como o garoto Coca-cola. Até a água me fazia mal. Durante o primeiro mês foi complicado e depois foi mais fácil.
Enquanto todo mundo achava que eu estava de férias, trabalhava muito, comia mal, dormia pouco e estudava muito. Durante os 3 meses consegui ver meu filho pela internet apenas 2 vezes. Sinistro. Tive a oportunidade de conhecer pessoas que são ilustres na Itália, com as quais tive aprendizado que hoje, além de colocar na minha vida, aplico em minhas atividades na UNISUL. O tal do Ócio Criativo sei fazer de ponta-a-ponta.

Tenho uns 17 cadernos com anotações, com idéias, apontamentos sobre os festivais de que participei e pude visitar na Itália, eventos e aulas. Acho que ainda não consegui colocar em pratica 30%. Cheguei até ao ponto de escrever poesias, de tanta inspiração que tive nesse período.
Os três meses valeram para os meus próximos 30 anos, disse-me o professor Domenico De Masi quando saí de Roma.
Todas essas experiências estou transportando para a área de eventos e para os alunos que me acompanham como estagiários ou funcionários do setor. Só trabalho com alunos. Meus funcionários hoje são ex-alunos ou ainda alunos. Temos as melhores competências dentro da nossa casa e tento usá-las.

PARA TRABALHAR COM ELE
Quando entrevisto algum aluno para estágio no setor de eventos, minha primeira frase é perguntar qual o objetivo do cara. Se não tem objetivo nenhum, não serve. Se arrasta os pés, fala mole e tá só pela bolsa, também não serve. Não sou chato e nem criterioso, só não temos tempo a perder. Então, o combinado é: você recebe a bolsa, que pagará teu transporte e alimentação e nós lhe ensinamos gestão, humanismo, companheirismo e eventos.
Eventos é a última parte das nossas ações, pois trabalhamos com pessoas e precisamos entendê-las, compreender as suas necessidades e desejo e principalmente dar tranqüilidade. Aquilo que para nós é só um evento, para quem propõe pode ser um sonho ou mesmo um desejo de vários anos.
Não é fácil fazer com que um carinha de 18 anos compreenda isto. Mas toda semana nos reunimos e conversamos. Como eles dizem: a palestra. Falo uns 30 minutos sobre a vida, mundo pós-industrial e depois falamos dos eventos. Toda a semana, sem trégua. Além das confraternizações, que faz com que tenhamos mais afinidades.
Tudo isto para criar uma equipe que possa atender as demandas da universidade de forma profissional e que sempre pense no futuro. A criatura tem que pensar nos próximos cinco anos, se planejar e pensar de forma coletiva. O objetivo de alguém da equipe se torna objetivo de todos e aí, todo mundo colabora para a realização.
Só sei trabalhar assim. Não escondo o jogo e sou sempre muita claro nas minhas posições. Se é para fazer, tem que fazer muito bem feito. Buscamos a perfeição em tudo e conduzimos os alunos para isso. Não entendeu o recado, mais palestra. Não entendeu a palestra, aquele abraço.
A equipe é tudo, como diz a gurizada. Principalmente porque nós nos eventos dependemos de muita gente. Digo que a nossa equipe pode ser qualquer um da universidade. Se as tias da limpeza não limparem o auditório, não tem evento. Se o reitor não tiver todas as informações do evento, não tem evento. Então, todos são a nossa equipe.
Mas nem todo mundo entende assim. Acham que é só um evento, coisa que não é tão séria. Aí eu fico puto da vida, mas penso que a pessoa não conhece o que fazemos. Então tento ser didático para explicar as nossas intenções e proposições.

FORA DO TRABALHO
Fora da UNISUL não trabalho, não. Ajudo na casa, cuido do João Vitor, namoro, vou à praia, ao parque. Faço aquilo que gosto. Leio muito e ultimamente escrevo para o meu blog (http://joaogeraldocampos.blogspot.com) - não dá pra perder o jabá.
Umas 4 a 5 vezes por ano sou convidado para umas palestrinhas em eventos sobre lazer, recreação e eventos. Mas estou sempre levando a UNISUL como sobrenome.
Quando alguma coisa me incomoda ou preciso pensar, aí entro na faxina. Passar roupa hoje tem sido o meu laboratório de pensamento. Cada um tem uma forma, eu encontrei esta.
Gosto de música, artes e de gente alegre. Raro alguém me ver de cara fechada. Quando não estou imitando manezinho, estou rindo com o pessoal. Outra coisa que não serve para minha equipe: neguinho de cara fechada não tem vez. Gente alegre traz energia positiva. Energia positiva faz com que as coisas funcionem melhor. Digo que o universo conspira quando a gente faz com que ele conspire. Como sou budista, acredito na lei de causa e efeito. Então, é simples. Planta alegria, colhe alegria. Gente de cara feia não dá, não.
Quando vamos para os eventos na reunião final, faltando uma hora para começar, chamo todo mundo e peço alegria, sorriso, pois somos os servidores e muitas daquelas pessoas podem ter naquele momento a realização de um sonho.

SOBRE A IMPORTÂNCIA DE UM EVENTO
Entendo a área de eventos como um grande negócio, mas nem todos entendem desta forma. Geralmente as pessoas acham que fazemos festa, que é fácil e qualquer um pode e sabe fazer e que não precisa ser profissional para isto. Para piorar, vêem o evento como um gasto.
Na minha visão e pesquisas comprovam isto, o mercado de eventos e promoções cresce mais do que as mídias above the line, aquelas em que se paga muito e por vezes atinge todo mundo, menos quem realmente se quer. O poder dos eventos e das promoções pode resultar em grandes negócios, principalmente na geração de valor, na divulgação focada ao público-alvo, que chamo de target, na criação ou promoção de serviços e etc.

As áreas de comunicação, marketing e eventos mudaram muito nos últimos anos. Os Ps do marketing já foram ultrapassados pelo branding, mídias alternativas, mídias sociais, e mais uma infinidade de coisas novas que estão surgindo e que alguns entendem que não é necessário.
Se pensarmos que uma criança de 7 anos tem um celular e já acessa a internet há pelo menos 3 anos, precisamos pensar de forma diferente quando queremos conversar com ela.
Promoção é isto. Criar mecanismo de conversar com o cliente de forma inovadora, surpreendente e que gere uma experiência nova. Os eventos dão conta deste recado de forma interessante.
Estamos tentando fazer isto na UNISUL. Aproximar os alunos do mercado, criar novas formas de geração de conhecimento e experiências, criar um ambiente que possibilite o network e principalmente que possa ser sustentável.
Pensando desta forma temos um mood, ou seja, o estado de espírito de quem trabalha com eventos conosco. Ao mesmo tempo que pensamos para o nosso trabalho no dia-a-dia, pensamos para os eventos. Então listei umas palavrinhas das quais tentamos todos os dias lembrar: singularidade; refinamento aos detalhes; receptividade, transparência, flexibilidade, perfeição e paixão.
Isto nos dá muito trabalho. A área de eventos por natureza é extremamente dinâmica, e tem o desafio de atender os campi e toda a universidade. Isto dá uma trabalheira danada. Reuniões, viagens, montagens, prestações de contas. Até já dormi na UNISUL. Foi durante a COFAFE, um evento esportivo do Sistema ACAFE. Montamos a cama na sala de aula e ficamos por aqui.

O ESCRITÓRIO AMBULANTE
Minha mochila é meu escritório e muita gente não entende isto. Acha que porque não estamos na nossa cadeira, não estamos trabalhando.
Fazemos todos os tipos de eventos e qualquer um pode requisitar os nossos serviços. Estamos montando estruturas nos campi para melhor atender as necessidades e desejos daqueles que chamamos de proponentes.
O proponente precisa ter o conteúdo do evento, ou seja, o programa, os palestrantes,etc. De certa forma a idéia do evento. Ai, o depois fica com a gente. Da divulgação até a avaliação. Hoje contamos com pessoas especializadas para o atendimento de todas as demandas necessárias e nosso canal de comunicação com os demais setores, que chamamos de setores de suporte, já estão muito bem afinados.
Como professor digo que sou um case. Já passei por tudo. Antes da UNISUL, trabalhei em favelas, em clubes de elite, escola pública e cursos profissionalizantes, mas na UNISUL é que minhas experiências foram mais intensas.

Já tive de tudo mesmo. O pior caso foi de uma aluna, que também era estagiária e que no meio do caminho sofreu um grave acidente e faleceu. Detalhe é que naquele dia ela apresentaria um trabalho. Aluno alcoolizado, chapado, com problemas de relacionamento, para não dizer outra coisa né, e muitos alunos estrangeiros, vindos da Espanha, do México, de Portugal, dos Estados Unidos, da França.
Tive muito aluno bom. Meus deuses. Tanta gente que se eu pudesse contratar, chamava na hora. Hoje os indico para empresas.

O FILHO
Entendo o ensino hoje, depois de alguns anos na sala de aula como aluno, professor e hoje quando vejo o meu filho na escola fico pensando como será a escola dele no futuro.
Com 4 anos já fala em trabalho em equipe e desenvolve pequenos projetos no maternal II - pode uma coisa dessas? Sua maior diversão é ver no You tube o desenho da Pimpa em Italiano e o Hi Five em Inglês.
Na minha visão as escolas e universidades deveriam ser um espaço de construção conjunta de forma mais efetiva. Não concordo com o sistema de educação que temos atualmente de forma fragmentada. Primeiro que a vida não é por disciplina. Tudo tem que ser interligado. Teoria, pratica, experiências profissionais, contato com o mercado, sem chamadas de presença, provas ou aquelas coisas que perdem tempo e não representam nada.
Mas infelizmente ainda não chegamos neste nível de tanta autonomia. Se não fizer a chamada, o aluno não vai, se não fizer prova não estuda, se não tiver matéria escrita no quadro os alunos dizem que o professor não deu conteúdo.

EM CLASSE
Esses dias propus uma aula no lago da Pedra Branca e quando cheguei lá não tinha ninguém. Voltei para a sala e tava todo mundo sentadinho esperando.
Tenho tentando mudar minhas aulas. Faço as coisas administrativas, mas estou mudando devagar. No último semestre fiz os trabalhos via blog, vídeos, fotos, redes sociais, aproximei profissionais dos alunos e muita conversa. Isto porque hoje atuo no curso de educação física.
Creio que a educação permanente está caminhando para esta transformação, mas este processo é compartilhado. Não adianta o professor ter idéias inovadoras e os alunos não compreenderem e vice-versa.
Relacionamento na universidade é uma boa pergunta, conversávamos isto semana passada. Relacionamento na minha visão é contato. Se não tem contato não se relaciona.

Para ter contato tem que falar, olhar, tocar, escrever; então precisamos usar todos os meios. Hoje sou muito fã da mensagem por celular, pois todo mundo tem e se deixa em casa parece que perde um pedaço da mão.
Acho importantíssimo o olho no olho e estamos pensando em propostas para isto, já que os eventos ajudam muito. Um exemplo disto é a Semana de Integração na Grande Florianópolis e o UNISUL Contexto em Tubarão.
A universidade precisa de gente; e, gente gosta de gente. Não gosto da Unisul nas férias. Gosto de ver a galera na praça de alimentação, aquele movimento, gente conversando, rindo, sala de aula com aula. Isto é universidade.
Claro que aquilo que fizermos para nos relacionarmos sempre será pouco. Nosso publico é flutuante, mas fica pelo menos por 4 anos, e o queremos por toda a vida, então se relacionar é necessário.

OS CONSELHOS
Conselho para os alunos teria muitos. Então vou dizer aqui o que digo tem a historia no meu primeiro dia de aula. Conto um pouco da minha história e nela de uma conversa com um colega na minha época de universidade. Quer dizer: minha época de universidade é todos os dias, porque hoje vivo na universidade. Mas vamos lá.

Numa conversa no corredor do prédio, meu colega Santiago dizia: “o pequeno, (até por que ele era bombadão e eu naquela época magrinho) estuda hein. Tu podes perder as pernas, os braços, mas se tiver uma boa cabeça e muito conhecimento, vai estar sentado dando palestra”.

É isto ai. Conhecimento, experiências, vontade de crescer, determinação e muito trabalho. Esse é o recado. Se cada um entender o quanto é importante o conhecimento, trabalhar em equipe, ser aberto as novas situações, ter tranqüilidade, acreditar nas coisas e viver positivamente este pra mim é o segredo.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

No Olho do Furacão: que susto


Nesta segunda-feira de carnaval tudo parecia calmo. Estavamos no Clube 12 de Agosto em Jurere Internacional, local onde passamos nossos verão quando em fração de minutos um tornado se aproximou.
Eu, meu pai, minha mãe, minha sogra, meu filho, Fernanda minha esposa e um vizinho corremos para dentro do avancê do trailler. Tentavamos segurar as portas de lona que jogavam dois homens de quase 90 quilos cada para trás. No fundo eu segura as portas de trás. As mulheres e o João Vitor se esconderam atrás do trailler e rezavam.

Em uma das infladas da porta que eu estava segurando vi um piscina de criança voando pelos ares na altura das árvores. Depois foi a vez do telhado de metal do vizinho voar como papel. Meu pai e o vizinho correram para trás do trailler. Quando vimos que não iamos mais aguentar entramos todos para dentro do trailler e simplesmente rezamos.

Nosso trailler balançava, nossos telhado batia e não sabiamos o que fazer. 5 minutos de pânico. Depois do vento muita chuva. Quando saímos vimos que a lancha que estava estacionada na nossa frente havia virado com a força do vento. O telhado dos vizinhos de lado e de frente ficaram retorcidos. Sinistro.

Arvores foram arracadas pela raiz, retorcidas. Todos os campistas saíram na procura de feridos ou mesmo para ajudar que precisava.

Algo que nunca vi e senti na minha vida. Simplesmente quando vimos que não tinhamos o que fazer, rezamos.
 No outro dia é que pudemos realmente ver o estrago que o tornado deixou.

Felizmente nada aconteceu com ninguém. Somente danos materiais que estes são recuperáveis.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Quando me Preocupo. Relaxo.



Creio que umas das maiores dificuldades que as pessoas estão enfrentando atualmente em nosso cotidiano é a capacidade de relaxar. Tantas são as preocupações existentes com a violência, criminalidade, falta de dinheiro, epidemias, desemprego, filhos, pais, problemas nos negócios, relacionamentos e outros fatores que por vezes nos tiram o sono.
As preocupações acarretam uma série de efeitos em nosso organismo e em nosso cotidiano, visto que ao mesmo tempo em que somos uma unidade, vivemos em comunidade, na qual o nosso mal estar acaba por vezes tendo reflexos em quem esta ao nosso redor.
Independente das patologias, físicas ou psicológicas, que deixo para os especialistas no assunto, muitos são as manifestações de ocorrências e pessoas que sofrem de preocupação, e de seus reflexos, como: depressão, distúrbios de ansiedade, hipertensão arterial, síndrome do pânico e mais algumas destas doenças da contemporaneidade, que não grande das vezes se resumem de forma muito simplista, ao não “conseguir dar conta” das obrigações cotidianas.
Depois de um estágio com o criador do Ócio Criativo, o professor Domenico De Mais, compreendi que independentemente da situação devemos ter frieza suficiente para tentar compreender nossos problemas, refletindo da causa e no efeito, nas dificuldades e nas possibilidades; principalmente nas possibilidades.
Muitos quando estão com um problema que geram preocupações, ficam remoendo sobre o problema e por vezes causam outros problemas e aumentam suas preocupações. O título é inspirado em algumas das minhas práticas nestes últimos anos.
Quando estou muito preocupado com as coisas cotidianas, busco tentar relaxar. Na verdade vou fazer aquilo que gosto, lazer. Ano passado quando tive uma das minhas maiores preocupações profissionais, convidei esposa e filhos para jantar em nosso restaurante preferido. No cardápio comida italiana e conversa sobre coisas de casa e família. Nada de papo sobre o problema.
Nesta última semana a mesma coisa, recebi uma ligação sobre um projeto importante, que me gerou certa preocupação. No final do dia fui à praia encontrar esposa e filho para um banho de mar, que durou até as dez da noite.
Estas estratégias fazem com que eu esfrie minha cabeça, pense um pouco mais e não seja tomada pelo calor do momento, que muitas vezes nos faz dizer ou fazer coisas que depois possamos entender que não foram adequadas.
Como uma das propriedades do lazer esta no desenvolvimento da criatividade, da espontaneidade e do relaxamento, isto possibilita uma melhor análise do problema e principalmente dos cenários que possam ser traçados para solucionarmos nossas preocupações.
Preocupações sempre vão existir, pois as nossas necessidades a cada dia são alteradas e como dizem os sociólogos: o atendimento de uma necessidade gera uma nova necessidade. Cabe então, qual a maneira de lidarmos com elas. Isto não quer dizer que não devemos nos preocupar, mas devemos sim não criar “monstros imaginários” ou anteciparmos problemas que por vezes podem acontecer, mas que na grande maioria das vezes não acontece.
Uma questão de atitude e de exercício, pois se desvincular das preocupações e principalmente não levá-las para si e para os outros é algo que requer tempo.
Tá estressado? Vá pescar, surfar, jogar...