terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Escravos Pós-industriais

Você já tentou ficar um dia sem celular? Não usar o relógio? Não ligar o computador ou usar a internet? Já percebeu que quando o pessoal responsavel pela área de tecnologia da sua empresa diz que o sistema caiu, você fica sem chão?

Estas e muitas outras situações que convivemos durante o nosso cotidiano mostra a nossa grande dependência de mecanismos vinculados a tecnologia da informação, que nos é necessária e facilita nossas vidas, mas por vezes nos gera desgastes e nos acelera. Não sou contra este movimento, cabe deixar bem claro, visto que, também, me utilizo destes instrumentos em minha vida. O que quero trazer a você é que precisamos refletir sobre o uso.

Certo dia na minha atividade no setor onde atuo na Universidade do Sul de Santa Catarina, recebo um chamado no MSN de um dos estagiários, me perguntando sobre uma ação em nosso trabalho, lhe respondi de forma muito clara que só responderia sua pergunta se esta a fizesse presencialmente.

Tais me achando antiquado? Meu Deus, que grosso, os mais sensiveis diriam! Tá louco? Trabalhar com um cara assim! Diriam aqueles voltados a humanização. O detalhe maior desta situação é que; quem me chamou no MSN estava sentada ao meu lado, não tinhamos 2 metros de distância um do outro. E agora? Que adjetivo eu terei de você leitor?

Como sou adepto do olho no olho, do soriso, do abraço e da alegria, venho constantemente comentando em minhas aulas de graduação e pós-graduação sobre o distânciamento das pessoas proporcionado pelas ferramentas on-line, que nos tornam de certa forma escravos. Ligaste o computador, se não entrares no MSN, tens uma crise, seja ela de pânico, depressão, choro ou até existêncial. Se alguem não te chamares em no máximo 15 segundos, o pensamento é: - Ninguem gosta de mim, ninguem me chama pra teclar.... Tenho que chamar algém. O mesmo acontece com o Orkut, se não tiveres mensagens dos teus amigos, corres para escrever a eles, só para que eles escrevam pra ti.

Outra escravidão alienante é o que chamo de Sindrome do Enviar e Receber dos programas de e-mails. A criatura ajusta o programa para enviar e receber de 5 em 5 minutos, mas a cada 2 minutos clica no incone do enviar a receber. A urgência urgentíssima de dar respostas. Agora mesmo, estou escrevendo este pequeno artigo e brilham de forma a me deixar cego os amigos no MSN. Tô respondendo, mas devagar.

Muitos dos meus amigos acelerados, como eu os conceituo fazem disputas de quantos e-mails recebem por dia. Virou siônimo de status social. Recebo 120 e-mails por dia, outro diz mais acanhado, só 85. Parece um leilão. Estes mesmos amigos, já estão comprando os seus Black Bery - eu também tenho um, mas depois digo porque comprei - que é para conectar-se toda a hora: em casa, no trabalho e até dormindo. Abro um parênteses aqui para contar um caso que aconteceu comigo. Rapidinho. Comprei o meu aparelinho que faz tudo, até telefona e programei para receber os -emails a cada duas horas. Coloquei como toque do e-mail aquele: fiui.... olha a mensagem. Eram 3 horas da manhã quando toca o maldito. Estavamos dorimindo eu e minha mulher, quando ouvimos aquilo que pareceia uma voz do outro mundo. Olho pra Fernanda (minha esposa) e ela olha pra mim e me diz: Tais falando dormindo? Tem alguém aqui dentro? Vai olhar.... Acho que ela não se tocou que era o celular na estante proxima da cama. Disse a ela: Fica fria, vai dormir.

Realmente tinha alguem dentro de casa, mas era virtual, as mensagens chegando, sem trégua. Hoje desligo antes de dormir, já basta os sonhos que por vezes são vinculados ao trabalho. Comprei o aparelinho para facilitar a minha vida, hoje ele é o regulador. Tudo que as pessoas me pedem ou que querem fazer junto comigo, puxo o telefone do bolso e digo sem exaltar. Espera um pouinho, preciso ver se tenho agenda. Que doidera.

Não pensem que sou contra as tecnologias, volto a reforçar. Uso e acho que são muito necessárias. Mas uso com moderação, como aquelas propagandas de bebidas. Tomei o hábito de desligar tudo no final de semana. Sem internet, sem telefone, sem trabalho pra casa. Full time familia, cachorro e lazer. Até porque com estas pessoas e estas ações também estou trabalhando. Quando passeio com a Zuca (minha cachorrinha linguiça) estou relaxando e pensando nos projetos e eventos que tenho para as proximas semanas ou nos cenários que criaremos para os eventos. Quando brinco com o meu pequeno, me divirto e aprendo sobre as necessidades infantis e brincadeiras novas que posso utilizar nas minhas aulas de Recreação e Lazer no Curso de Turismo e Educação Física e quando estou com a excelentíssima, ai é foco no namoro, já basta que fico mais tempo com o povo que trabalho do que com ela. Mas conversamos sobre gestão, visto que ela é empresaria. Não tem como fugir.

Depois de tudo isto ainda tenho tempo para escrever, conversar pela internete com meus amigos do México, Portugal e Italia. Nisto o MSN é ninja, como eu digo. Muita informação ao mesmo tempo, Desesntruturação do espaço e do tempo. 2 horas na frente do computador parecem 5 minutos. Passam voando, a gente nem precerbe. Este é o mundo dos mentes-de-obras meus queridos. ou nos adaptamos ou nos adaptamos.

Vai lá então; pensa que não vai doer. Desliga o telefone na hora do almoço. Não trabalha no final de semana. Tenta por 1 hora não usar o MSN. Vai. Faz uma tentativa. Depois me conta aqui nos comentarios do blog como foi.

Abraços de um escravo pós-insdustrial que aprendeu junto ao Domenico De Masi a fazer Ócio Criativo e entendeu que todas estas coisas fazem parte da vida que estamos presenciando em nossa sociedade.

Agora assista o vídeo para saber o que nos reserva o futuro.

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