terça-feira, 30 de março de 2010

Miopia organizacional: colírio ou óculos escuros.

" Devo ensinar-lhe, Tzu-lu, no que consiste o conhecimento? Quando você sabe alguma coisa, reconhece que sabe; e, quando você não sabe alguma coisa, reconhece que não sabe. Isto é conhecimento." (Confúcio, Século IV a.C)
Cada dia que passa tenho mais certeza que já vivi em outros tempos e que muitas dos livros que venho lendo sobre filosofia e sociologia são mal entendidos por nossos alunos e colaboradores. Digo isto por que cada situação nova ou antiga na qual as pessoas são colocadas para a "hora da verdade" estas cada vez mais tendem a se esquivar ou se esconder.
A pergunta que frequentemente me faço e que fiz a um grupo de pós-graduandos em Gestão de Negócios no último final de semana é de que tipo de visão um gestor necessita possuir na condução de pessoas e de organizações? Que competências seriam necessárias?

Tentarei refletir apenas na primeira pergunta e quem sabe confucio pode nos ajudar. Dentre as diversas competências necessárias para um gestor a visão estratégica é fundamental para o desenvolvimento da sua organização, porém nem todos os gestores possuem uma visão que possam conduzir ações para a obtenção de resultados e muito menos podem puxar da cintura uma espada que lhe dá a visão além do alcance, como fazia o Lion, líder dos Thundercats. Um desenho que muitos devem lembrar.
Quando sua equipe sofria qualquer tipo de dificuldade, Lion puxava sua espada, a colocava na frente dos olhos e dizia em altos brados "espada justiceira de-me a visão além do alcance". Como um passe de mágica a espada lhe mostrava as dificuldades que sua equipe estava passando.Creio que não temos tal ferramenta e muitas vezes como costumo dizer, nem o Mister M pode resolver a mágica, visto que o Mister M além de fazer a mágica, mostra como a fez.
Então, o que o gestor precisa para desvelar esta tal visão estratégica. Primeiro creio que possuir competências comportamentais e técnicas direcionadas ao negócio e mercado onde esta inserido. Então, Confucio podes nos ajudar muito. Se não conheço o que faço, como posso querer fazê-lo? Se sei que não sei, por que insistir? Porque passar o bisturi sem antes verificar o prontuário do paciente e saber se é o pulmão esquerdo ou o direito que precisa ser operado?
Há uma grande miopia organizacional. Muitos acham que vêem mas não enxergam nada, outros fazem aquilo que não sabem e continuam achando que estão indo no caminho certo. Ainda temos, aqueles que falam, mas não dizem nada.
Ainda tem mais, se você coloca alguém para resolver o problema, a primeira coisa que a criatura faz é criar um novo problema sobre aquele que foi posto. Ou ainda pior, só discute o problema e não busca solucioná-lo. Têm mais. Tenta dificultar ainda mais a resolução, porque o normal é dizer que tudo é muito difícil. Agrega uma quantidade imensa de juízos de valor pessoal que faz com que o problema  realmente não tenha solução. Para piorar, ainda diz ser obvio, mas roda, roda, roda e não soluciona.
Será que tem colírio para esta  falta de visão? Raul Seixas já dizia que "quem não tem colírio, uso óculos escuro", ou seja, se não consegue solucionar pingando as gotas mágicas as cobrem com uma lente escura, seja para ver menos, ou para se esconder. Dazaranha, uma banda manezinha, complementa rauzito, dizendo que "quem não tem visão, bate a cara contra o muro".
Querido Lion e sua espada, como eu gostaria que você visitasse algumas empresas. Que pena que não temos colírios organizacionais. Confúcio? Quem sabe você não pode dar uma passadinha nos sonhos dos gestores, dizer a eles que só estar na caixinha não resolve. Só ficar experimentando também não dá. Que colocar as pessoas erradas nos lugares certos podem dar certo, mas tem 99% de dar errado, ou de levar mais tempo.
É "Se aristoteles dirigisse a General Motors", livro de Tom Morris caberia muito bem na cabeceira de cama de alguns líderes, gestores e colaboradores.
Meras filosofias, que poderiam ser de botequim, mas na verdade são de caras que criaram aquilo que vivemos. Quem sabe no botequim, que não existe mais, as coisas não eram mais fáceis de serem resolvidas? O problema é que no botequim as pessoas se reuniam, se encontravam, trocavam olhares, ideias. Hoje os guetos organizacionais não proporcionam estes contatos. Bom seria se tivéssemos do lado das impressoras compartilhadas umas banquetas, petiscos e coisas atrativas. Assim poderíamos reunir, pensar coletivamente e ter visões além de serem compartilhadas, fossem além do alcance.

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