quinta-feira, 15 de abril de 2010

A história do Camelo e as Forças de Porter: um chute na zona de conforto

A alguns anos atrás quando os negócios da minha família estavam iniciando constantemente meu pai, gestor da família e empreendedor da empresa, reunia eu e meu irmão para contar a história do camelo. Por alguns anos confesso que tinha esquecido, mas neste últimos dias ela foi alvo de minhas lembranças. A história que João Carlos - meu pai - contava era a seguinte.

"Viajavam pelo deserto um mercador e um camelo; e, como todos sabem no deserto é muito calor de dia e muito frio a noite. Então, quando chegou a noite o mercador armou a sua tenda e deixou o camelo fora dela. Depois de duas horas de frio o camelo vira para o mercado e diz:
- Mestre esta muito frio aqui fora será que não posso entrar junto na tenda?
- Caro camelo, a tenda é muito pequena, não cabe nos dois - diz o mercador.
 Mais 30 minutos o camelo volta a pedir abrigo.
- Caro mercador, posso colocar as patas de trás dentro da tenda, tá muito frio.
Compadecido com a situação, o mercador aceitou a proposta. Mais 30 minutos e as patas da frente também já estava dentro da tenda sobrando apenas o corpo e a cabeça para fora. Após uma cochilada o camelo acorda e mais uma vez pede para colocar o corpo dentro da tenda; e, o mercador aceita, pois já estavam as patas.
Lá pelas 4 da manhã o camelo se dirige ao mercador:
- Querido mercador, já estou com o corpo todo na tenda posso colocar a cabeça? O mercador pensou um pouco e disse:
- Já que estais com todo o corpo a cabeça não fará diferença.
O camelo muito grande teve dificuldade para se ajeitar na tenda, junto ao mercador, então 30 minutos depois o camelo acorda o mercador e diz:
- Caro Mercador. A tenda esta muito pequena para nós dois, você não pode sair da tenda?"

Como metáfora é uma história excelente para entendermos o mercado e a concorrência entre as organizações, ou mesmo entendermos as necessidades de cada macaco tomar conta do seu galho - como já foi alvo da postagem "Se a farinha é pouca, meu pirão primeiro...".

Vou utilizá-la neste momento para analisar a concorrência. Então vamos lá.

Você é gestor de uma empresa e a mesma caminha bem na sua avaliação e na avaliação dos demais gestores, então todos sentem-se confortáveis, já que temos a máxima que em time que se está ganhando não se mexe. Ai, seu grupo de gestores começam a olhar mais  para dentro da empresa  do que para fora dela, começam a entender e conceituar que são os melhores, "os caras", como dizemos vulgarmente. Se os números mostram isto, então por que não se intitular? O tempo passa e cada vez mais o olhar para fora diminui.

Antes de continuar quero fazer uma pausa para falar do olhar para fora.Quando digo isto não estou me referindo apenas ao atendimento das necessidades dos clientes, mas sim  as forças de Michel Porter (rivalidade dos concorrentes, poder de barganha dos fornecedores, ameaças de novos entrantes, ameaças de produtos substitutos, poder de barganha dos clientes); e, digo mais, me referindo também ao marketing (brand, ponto de venda, mídias alternativas, estratégias de manutenção de marca e produto, etc); vai mais além se quisermos arriscar na área da inovação, da educação e desenvolvimento de competências para a atuação dos colaboradores e etc. Isto é chamado nas empresas de inteligência competitiva, mas nem todas as possuem ou sabem que existe. Voltamos a metáfora.

Continuam a ser o máximo fazendo o mínimo ou mesmo o nada de diferente e o mundo lá fora girando, o mercado descendo e subindo, as empresas nascendo e morrendo, crescendo, ganhando ou perdendo, gente pensando e desenvolvendo.

Quando não se olha para fora não se enxerga o movimento, mas a percepção é a mesma, de que tudo vai bem. O pior é que quando as coisas vão mal a percepção é que ainda está tudo bem, mas na verdade não esta. Isto cria a cultura de que tudo esta bem e bom e da falta de preocupação por que quando se olha para dentro e não para fora corresse o grande perigo do camelo ir entrando na tenda e daqui a pouco não ter mais espaço no mercado para todos que estão competindo.

Como é um blog e não um artigo científico ou um livro, o importante é entender que monitorar o mercado, os players, os novos produtos, as altas e baixas do mercado, os índices de satisfação e retorno dos clientes, a motivação do colaboradores e o entrantes, poderemos ser o mercador e sermos expulsos do mercado, não pelos outros, mas por nós mesmos.

2 comentários:

  1. Vi que se tornou meu seguidor, e estou aqui em seu espaço para conhecer de perto "um pouco daquilo que faz"...achei uma pena vc não ter deixado um comentário, pois isso nos aproxima mais a pessoa... mas espero vê-lo em outras visitas ao Wallarte.
    Gostei mto do seu espaço, aliás tudo relacionado ao conhecimento me interessa, e através desta pequena história do camelo vc conseguiu de forma clara, e simples mostrar a relação humano versos mercado, leis, e disputas, e aquela velha história, do respeito ao espaço, e cada um se achar dono do mundo.
    Estou me tornando sua seguidora, e espero aqui voltar.
    Abraços.
    Waleria Lima.

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  2. Esqueci de dizer que seu trabalho é muito bonito!!!
    Abraços.
    Waleria.

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