terça-feira, 13 de julho de 2010

Quando a Visão é Maior do que a Ação

Muitas empresas pensam no futuro, mas nem todas estão pensando no presente, ou mesmo pensando no mundo das coisas necessárias para o atendimento das necessidades urgentes e que garantem a operação do negócio.

Com estas primeiras linhas vocês irão dizer que além de cético eu não dou valor ao planejamento estratégico. Como não sou nenhum alienado; e, se quisermos fazer um comparativo vulgar, alienado poderia vir de alienígena, ou seja alguém de outro planeta, como muitas vezes temos aos montes nas organizações, o planejamento estratégico e a visão são extremamente importantes no desenvolvimento das organizações, porém, em determinados momentos muito quer se olhar para o futuro e se esquece que o futuro depende substancialmente das ações do presente.

Costumo relacionar estes tipos de situações a uma parábola budista que fala:

" Se quiseres entender o presente, lembre daquilo que você fez no passado. Se quiseres saber como será o seu futuro, veja o que estás fazendo no presente". 

Simplificadamente isto se chama causa e efeito, ou seja: aqui se faz, aqui se paga; e, por vezes se paga caro, principalmente no mundo que impera a ditadura financeira, na qual a cada dia o dinheiro é mais escasso e os juros são mais altos. Esta razão - a de causa e efeito - também serve para a gestão,principalmente quando o processo gerencial entende que fazer o bom não serve e foca a visão no ótimo, criando uma fantasia que idealiza-se, mas não se concretiza de fato, isto se chama utopia. Não sou um estudioso das utopias, mas se você entrar neste link do Wikipedia você entenderá o que eu estou tentando dizer. Clica lá.

Mas então não deveremos ter sonhos? Aspirações? Visões? Para tentar responder vou me debruçar um pouco sobre Ulisses, personagem e herói  Grego retratado por Homero, nas obras Ilíada e Odisseia. Ulisses era um dos maiores estrategistas do período clássico, além de ser um bravo guerreiro, na qual suas estratégias auxiliaram-lhe na guerra, no amor e no combate as manifestações dos Deuses contra suas  expedições. Diz a história que a ideia da construção de um cavalo de madeira para tomar a cidade de Tróia tenha sido uma estratégia criada por este destemido herói.

O que me faz trazer Ulisses para este texto está na lembrança de uma aula de Gestão de Empresas de Cultura e Eventos, que participei na Scuola di Ravello, centro-sul da Itália. Cada grupo de alunos deveria trazer um símbolo que representasse a empresa que o grupo haveria de criar.

Um grupo de alunos traz consigo uma figura de Ulisses sobre uma tartaruga, que trago abaixo:

Mais de 35 pessoas ficarão intrigadas com a imagem, que foi apresentada. E, eu como bom brasileiro e com  uma curiosidade científica do tamanho do mundo, no final da apresentação, perguntei:

Porque da figura de Ulisses sobre uma tartaruga?

Fillippo Petti arqueológo medieval e um grande amigo, explicou-me com grande serenidade:

Ulisses além de um herói era um grande navegador e guerreiro, na qualmuitas das vezes instigava a ira dos Deuses. Em das vezes os Deuses fizeram com que seu barco naufragasse, então Ulisses que era um herói faz um chamado para que uma tartaruga venha lhe salvar. Neste, momento um grande tartaruga marinha aparece e se coloca a disposição de Ulisses para carregá-lo em seu casco. Salvando do naufrágio.


Alguns dias após a aula, fomos visitar Paestum - a cidade de Posseidom, como conhecemos - alvo de outra postagem. No Museu Arqueológico de Paestum, em uma das paredes verifico encravado na pedra a mesma figura apresentada. Volto a Fillippo e digo: Olha o Ulisses e a tartaruga ai novamente.

Volta com seu sábio conhecimento no auge dos seus 30 anos e diz: Esta pedra foi tirado do Templo de Atenas, na qual Ulisses era um de seus protegidos.


Pergunto novamente: O que me intriga na figura é a mão espalmada a frente da testa, como se procurasse algo ao longe.

Neste momento começa a lição que dá nome a este pequeno texto.

Gerardo, porque o "L" nunca conseguiram pronunciar. Ulisses era um estrategista e sabia que para ter visões a longo prazo precisava ter primeiro, os pés no presente, e os olhos no futuro. A tartaruga representa o passo a passo, sólido, lento e persistente. Misturando Ulisses um bravo herói, com determinação e estratégia, juntamente a tartaruga forte, firme, lenta e persistente, não a visão que não possa ser alcançada se as ações no presente não se fizerem de forma concreta e planejada.

Creio que não preciso dizer mais nada leitor. Dentro todos os momentos dos meus 90 dias de Itália, a imagem de Ulisses sobre a Tartaruga vem constantemente em minha mente quando observo organizações que pensam que fazem, acreditam que acreditam e deixam de fazer o mais importante, fortificar o presente e pensar que o futuro depende do agora.

Que os Deuses nos protejam assim como protegeram Ulisses. Salve Atenas.

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